Em dor, temos duas síndromes que sempre foram bem definidas: a dor nociceptiva, que é da lesão ou ameaça de lesão de algum tecido não-nervoso; e a dor neuropática, que é da lesão ou doença de um tecido nervoso.
O grande problema era o que acontecia com os outros tipos de dor, que não tinham uma lesão identificável de nenhum tecido, seja nervoso ou não, ou aqueles pacientes que apresentam algum tipo de lesão, mas que essa lesão não justifica toda a dor que ele sente e relata para você em suas consultas.
Um dos primeiros nomes dados a esse tipo de dor foi “dor psicogênica”, porque se acreditava que, como o paciente não tinha uma lesão que explicasse completamente sua dor, esta queixa deveria ser algo do psicológico.
Depois foram descobertas várias alterações laboratoriais e até de imagens cerebrais que esses pacientes apresentavam, estabelecendo-se a noção de que essa dor vinha de uma disfunção na forma como o paciente sentia a dor. Foi aí então que o nome mudou para dor disfuncional ou dor por hipersensibilidade do sensório. Nessas novas nomenclaturas, foram incluídas as novas alterações que foram descobertas e a dor deixou de ser psicogênica para ter alguma causa específica, embora muitas vezes de difícil identificação.
Recentemente, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) mudou o nome desse tipo de dor para dor nociplástica. Essa nova mudança foi em parte para frisar que a dor do paciente vem principalmente não de lesões perceptíveis dos neurônios, mas sim de microalterações nos ambientes neuronais e disfunções na percepção de dor pelo paciente.
O principal representante da dor nociplástica atualmente é a fibromialgia, embora outras doenças possam também fazer parte dessa síndrome quando fecham os critérios mencionados acima.